manejando


Fotografia de Joshua Hoffine.
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Numa cidade escura, havia uma mulher com duas mãos. Trabalhava muito, noite e noite, estendendo as mãos aos seres concidadãos. A mulher não tinha nome nem sexo nem grande vontade. Noite e noite, sob luas inexistentes, manufacturava, manuscrevia, manusonhava, manuvia. A mulher vivia com as suas duas mãos numa casa sem janelas. Das mãos, via os seus efeitos, e revia-se nelas. Não precisava de outras vistas. Perguntava-se, em instantes de declínio, se alguma vez encontraria as suas mãos-gémeas.