seio cá seio lá


Fotografia de Mario Giacomelli.
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Era uma mulher com dois seios. Sei os dois seios que ela tinha, de coração. Sem os seios, o que agarraria nestes tempos de solidão? A mulher vivia com os dois seios num poço sem fundo. Ela vivia caindo, e os seios: pára-quedas, baloiço vagabundo. Abriam-se no espaço íngreme e escuro. E soltavam a memória. Caindo, ela seiava, ela seitia, ela seitava, ela seirmia. Estendia os seios aos seres que, como ela, caíam. Dos seus seios - sei-o eu bem -, a nostalgia. Perguntava-se quando?, onde? aterraria.