onarízico


Fotografia de Joshua Hoffine.
______________________

Sim. Companheiras, podem crer. Esta mulher tinha um nariz, só um nariz, e um nariz tão afilado, tão ângulo-de-perdiz, de aspecto tão sensível, tão frágil ao mínimo triz. Ela vivia com o seu nariz nos sonhos que outros sonhavam. Surgia, nariguda, imprevisível, por entre as fraldas dos sonhos. Metia o nariz onde não era chamada, e com que pose, oh!, essa mulher de olfacto fatal. Ah, ela! que narez, naroz, oh! naruz, que ela naraz, sim, pelas imagens mais bravias dos sonhos mais invictos: mulher impossível! Quando chorava, da tristeza de um sonho que acabava, o seu nariz era um galeão naufragado. Estendia-o aos seres que dormiam sem desejo de acordar. Perguntava-se a que mais aspirar?... o que mais inspirar?